quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Me digas como é tua mesa e te direi quem és...


















Oi.

Vida e morte de uma passageira de ônibus

Há algumas modinhas quando se anda de transporte público que, juro, me tiram do sério. O que mais me irrita, além de ter de estar no ônibus ou no metrô propriamente ditos, são as pessoas fingindo ser educadas. É verdade. Fico puta. Por exemplo, se eu estou sentada no assento ao lado da janela, por que neguinho tem de me pedir licença para pegar o banco do corredor? Ao menos que eu esteja com as pernas em cima da cadeira, faz algum sentido? Quer dizer que se eu disser: "olha, não me leve a mal, mas não quero uma pessoa tão feia do meu lado", ou, "desculpe, mas eu gosto de privacidade no transporte público", ou "você não está vendo que Márcio, meu amigo imaginário, está aí?", a pessoa, com toda a educação com a qual me pediu licença, vai sair humildemente em busca de um novo lugar? O pior é que, em geral, as pessoas não pedem, elas sussurram o pedido de licença. Tipo, é só para constar mesmo. Então, não venha quer bancar a lady ou o lord para cima de mim, não.

A última tendência no quesito etiqueta do busão é bancar o prestativo. Neguinho sai correndo, empurrando qualquer um que estiver no caminho, só para pegar o banco vazio. Aí ele senta e quer pôr em prática a boa ação do dia, depois de ter feito strike em todo mundo. "Oi, você quer que eu segure sua bolsa?". Tipo, não? Eu quero seu lugar mesmo, pode ser?, não dá vontade de dizer? Aí o sujeito sentado fica com aquele ar superior de quem faz caridade para os menos favorecidos. Fora que eu acho a coisa mais bizarra do mundo entregar minhas coisas para um estranho. Imagine se o cara consegue abrir o zíper com o dedo mindinho e pesca dentro da bolsa, sei lá, algo que ele consiga puxar com o mindinho. E tem a situação inversa também: você, pobre trabalhador, depois de muito se equilibrar de pé, com esses motoristas-kamikazes, ter de ceder o lugar para muito velhinho safado, finalmente, avistou o banco vazio. Você senta. Relaxa. Sente-se no paraíso. E aí cola neguinho cheio de bolsa e sacola com cara de pedinte do seu lado, arrumando a alça ou trocando os pacotes de mão. E aí todo mundo fica te olhando, como se você um pária da sociedade, que não colaborara para o bem-estar geral. Para mim, é muito claro que as pessoas não fazem isso pela boa vontade ou gentileza com o próximo, mas só para mostrar para o restante dos passageiros o quão educados ele são. Nem vem querer pagar de bonita para cima de mim, não.

Mas tem outras incoerências que me irritam ainda mais. Por que existem seres que sentam só no banco do corredor? Para eu ter de ficar fazendo contorcionismo para chegar até o lugar vazio? Tipo, é tão mais prático: se o banco está vazio, vá direto para a janela. É quase uma lei física. Isso sim é facilitar a vida das pessoas, não ficar pedindo licença à toa ou querer segurar a minha blusa limpinha com suas mãos engorduradas de Fandangos. Tá, agora, vocês vão querer mandar me prender, mas, às vezes, eu também fico brava com esse lance de assento preferencial para grávidas e idosos. É verdade, se eles têm disposição para sair e pegar um ônibus, por que precisam de tantos ui-ui-ui? Tipo, fulaninho tá com meia dúzia de fio branco, ficou a tarde todo jogando dominó na praça, e eu, que trabalhei o dia todo e estou de cansada de verdade, tenho de liberar o assento pro tio? Além de tudo, com certeza, na hora que eu levantar, ele ainda vai dar uma secada na minha bunda. Não vem querer dar uma de inválido para cima de mim, não.





















"Licença?", "Não, eu curto uma privacidade no transporte público"

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Do que as mulheres realmente gostam


























Cena: sábado à noite, casa noturna lotada, eu esbarro, claro, na mão de um amigo e a latinha de cerveja jorra como uma cachoeira no chão. Em segundos, chega uma faxineira com aqueles rodos-mágicos (sabe?) nas mãos.


eu:
Gente, esse rodo é I-N-C-R-Í-V-E-L! Olha como ele absorve toooodo o molhado!
amigo: Oi?
amiga: Uau, é demais mesmo, nunca tinha visto um em ação! É muita praticidade e nem precisa torcer depois! Genial.
amigo: Como?
eu: Sério, vou amanhã na 25 comprar o meu.
amigo: É, não adianta a mulher estudar, ir trabalhar, entrar no mercado de trabalho, porque no que elas ainda piram mesmo é no rodo-mágico.

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Agora, se o seu marido assumir que sua felicidade realmente depende do rodo-mágico e que você não passa de uma Dita-Maldita, sempre há a Márcia para nos defender:

sábado, 24 de janeiro de 2009

Bandidas de alta periculosidade

Pode parecer lei de Murphy, mas justo hoje, no meu open-blog, aconteceu A situação emblemática que me lembra o por que eu escolhi esta alcunha para a minha página virtual.

Estava eu, tomando calmamente meu leitinho matutino, quando uma amiga, a Samara*, me liga:
- Oi, Juju, tudo bom? É o seguinte, a polícia apreendeu meu carro, porque minha habilitação venceu. Você tem carta para me ajudar aqui?
- Menina, que desgraça. Molha a mão dos caras, eles querem grana.
- É, nem rola... tô sem um puto!
- Pergunta se você pode pagar com o corpo.
-.....................................
- Tá, tô colandoaê.

Boa amiga que sou, em 20 minutos estava lá. Para minha surpresa, dois policiais sorridentes aguardavam ao lado de Samara, conversando os três empolgadamente sobre a criminalidade no centro de SP. Sei, viu. Intindi porque eles deteram a menina. Para a minha surpresa 2, enquanto guiaria o carro de Samara até o pátio do CET (onde os veículos aguardam julgamento), um policial nos acompanharia dentro do veículo e o outro, no carro da PM, nos ESCOLTARIA até lá. Cool. O PM Gerson*, que iria conosco, já entrou folgando, "meninas, não se assustem com a minha arma", mandando abaixar o vidro, pois ele precisaria de MOBILIDADE em caso de OCORRÊNCIA. Eu, como esperta que sou, pensando que era pegadinha, disse: "Seu guarda, por favor, ponha o cinto", mas ele alegou, de novo, que precisaria de MOBILIDADE em caso de OCORRÊNCIA. Opa, ok, então, esse daí like to move, move, pensei comigo.

Como estávamos com os homens da lei, eles deixaram eu dar ré na calçada do Teatro Municipal e nem precisei esperar no farol: PM Luciano*, esperto que era, me ultrapassou e segurou todos os carros da outra pista para eu passar. Um gentleman. Dirigir com o policial ao lado me proporcionou prazeres inimagináveis, como ficar com o vidro aberto, sem medo, em plena Praça da Sé. Mas o melhor sentimento, quase uma revanche, foi ver neguinho na miudinha quando tentava me ultrapassar. Uma hora PM Gerson se irritou com um playboy de pick-up grande que quis me fechar, botou o corpo para fora e gritou: "VOCÊ ESPERA, MANO!" Fiz questão de olhar nos olhos do tal apressado e gritei: "RÁAAAAA". Minha vontade, na bem da verdade, era berrar, "CHUPA, SEU PAUNOCU", mas me contive porque PM Gerson, apesar de bem amigável, ainda assim poderia me autuar por tirar as mãos do volante para mostrar os dedos do meio.

Depois do passeio e do carro despachado, estávamos no meio da Avenida do Estado, sem eira nem beira, quando, de novo, os policiais fizeram o que se espera da corporação: zelar pelo bem-estar do cidadão pagador de impostos. "Querem uma carona na viatura?", sugeriram. E, ALGUÉM EM SÃ CONSCIÊNCIA, TEM COMO NEGAR UM CONVITE DESSES? E, meninões que eram, ainda deram pirulito para criança: "Querem que eu ligue a sirene?" EBAAAAAAAAAA! Tive a impressão de que se eles perguntassem se eu queria ser algemada, eu teria dito sem pestanejar: SIIIIIIIIIIIIM! Samara ainda aproveitou para sanar algumas dúvidas com os homens da lei. Vocês já deram tiro? Foram baleados? Quanto custa uma arma? Pessoa normal pode ter arma? Se eu for sequestrada como eu escapo do bandido? Na hora de ir embora, tão emocionada que eu fiquei, que bati continência para o PM Luciano e disse "obrigada, seu policial". Samara, astuta que é, conclui nosso passeio: "Só faltou eles usarem ray-ban". I wish.


* Os nomes foram trocados para garantir o anonimato dos personagens.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Olha quem está falando de novo

E aí, pessoal, tudo joia?
Depois de ter cometido um bloguicídio, ter vivido todo o luto da perda, sim, estou de volta! Ié Ié. Como me agrada a ideia de imaginar que o falecido Pequena Bobagem tinha um séquito de leitores, gostaria de informar a estes órfãos que o Onde (Quase) Tudo Pode Acontecer taí para preencher este vazio da blogosfera. Com um nome bem mais explícito, o intuito do blog continua o mesmo: falar sobre os gostos, as alegrias e as mazelas sofridas por esta que lhes escreve. Sim, o assunto sou eu - uma vez que não sou especialista em nada, não sei nada de útil e, convenhamos, não tenho muito o que oferecer. Have fun.