terça-feira, 3 de março de 2009

Felizes eram os dias de inverno rigoroso

E faz tanto, mas tanto calor em São Paulo que a minha única vontade é ficar estirada no chão esperando esse mormaço passar. Tipo, oi, estou letárgica, DO NOT DISTURB. Não que normalmente eu seja uma pessoa dada a muitas atividades, mas com o calor tudo se parece com uma tarefa impossível. Ficar no sofá assistindo tv? Não rola mais do que 10 minutos porque as costas parecem entrar em auto-combustão contra a almofada. Tomar banho? Só de imaginar a roupa melecada de suor grudando contra a pele dá mais desânimo do que as justificativas por afinidade dos participantes do Big Brother. Comprar um sorvete? Socorro, já pensou na quantidade de líquido perdido até chegar na padaria? Até a sola do pé esquenta quando apóio no chão. Fora o mau-humor. Tudo alcança um patamar do insuportável quando eu estou com calor. Me ajuda, como posso explicar para outro ser humano que eu não tô afim de conversar só para não fazer nenhum esforço e consequentemente acabar suando mais? Quem entenderia? Oh, céus.

A impressão é de que instalaram um sauna a vapor na minha alma. Não importa a roupa que eu estou, o que eu tomo, a posição que eu fique, nada impede essa terrível sensação de que eu estou ao meio-dia de casaco preto sentada na areia da Praia Grande. Eu cheguei a um ponto que consigo sentir calor e frio ao mesmo tempo! Mesmo de cara com o ventilador na potência máxima, a impressão é de que o vento só está espalhando o quente pelo meu corpo! Tenha piedade de nós, senhor el Niño (? aún és usted?).


Brasileiro (e gringo de países nórdicos) têm essa mania de a-m-aaaaaa-r o verão, sol e calor, essa alegria contagiante de país tropical. Não dá, simplesmente, não dá. Com o calor, ninguém consegue raciocinar, trabalhar direito, só ficar o dia inteiro pensando naquela cervejinha depois do expediente ou na piscina do sábado (porque nem ficar na praia, com aquele mar na temperatura de água de xixi, rola). Nos países de frio rigoroso, aí sim, funciona, porque neguinho não tem tempo de ficar pensando nessas futilidades. A Finlândia, por exemplo, taí uma potência. Não tem esse oba-oba brasileiro, nada de caipirinhas, mulheres-fruta nem futivôlei do Romário, mas deu ao mundo, por exemplo, a Nokia, a Ikea, o Papai Noel, a aurora boreal, tem um dos melhores IDH's (cola aqui, vai) e, fora, É TODO MUNDO LOIRO DE OLHO AZUL (porque quem vai correr o risco de queimar a cutis num lugar em que há dias que a noite dura 24 horas?). Já ouvi até a teoria de que nos países frios, as pessoas precisam trabalhar para poder comprar as coisas para se proteger. Já nos países abaixo da linha do Equador, bem, como o pessoal não tem tantas preocupações de primeira necessidade, pode se dar ao luxo de levar a vida mais na boa.

Para mim, não importa. Desde que esse calor vá embora e me deixe em paz com as minhas chuvas (até cantaria junto com a Vanessa da Mata), garoas (que dias felizes!), neblina (ainda dá aquela emoção), vento gelado (nossa, sonho) e temperatuas abaixo do 10º (imagine poder usar aquele casacão que está encostado no armário). Oremos.




Tende piedade de nós.